domingo, 18 de abril de 2010

Coração e mente



Saúde  
CORAÇÃO E MENTE
O peso da depressão na ocorrência
de infartos é tão grande que ela
passou a ser fator de risco isolado


Karina Pastore

Não tem mais discussão: a Federação Mundial de Cardiologia agora considera a depressão
fator de risco isolado para o coração. Antes, ela estava entre as causas coadjuvantes do entupimento de artérias. A decisão baseia-se na análise de quarenta dos maiores e mais recentes estudos sobre a relação entre infarto e depressão. Constatou-se que 45% dos infartados têm quadros depressivos em seu histórico. "A depressão é tão importante na gênese do infarto quanto a hipertensão ou o colesterol alto", afirma o cardiologista paranaense Mario Maranhão, presidente da Federação Mundial de Cardiologia. Apesar de representar uma ameaça e tanto à saúde, a doença demora a ser identificada. É confundida, geralmente, com tristeza ou melancolia passageiras. O cenário é preocupante. Hoje, a depressão é apontada pela Organização Mundial de Saúde como a quinta maior questão de saúde pública. Em 2020, deverá ser a segunda, depois justamente das doenças cardíacas. Ou seja, os laços entre os dois distúrbios tendem a ser mais estreitos.
Quanto mais grave a depressão, maior a probabilidade de ocorrência de problemas cardiovasculares. Seu impacto sobre o coração não se explica apenas do ponto de vista da fisiologia, mas também do lado comportamental. "O deprimido faz tudo errado: não come direito, costuma ser sedentário, fumante e dado a exagerar no álcool", diz o cardiologista Maurício Wajngarten, chefe do departamento de cardiogeriatria do Instituto do Coração, de São Paulo. A depressão se caracteriza por sentimentos negativos devastadores. A pessoa é dominada pela apatia e pela irritação. É difícil levantar da cama e impossível encarar com humor as dificuldades cotidianas. Em muitos casos, ela se associa a ataques de pânico. Como alguém nessas condições pode pensar em alimentos pobres em gordura ou em largar o cigarro? Onde encontrar ânimo para fazer ginástica?
O desequilíbrio da química cerebral, verificado entre os depressivos, desregula a química de todo o corpo. Para começar, a depressão aumenta a produção do hormônio do stress, o cortisol. Em altas quantidades, esse hormônio eleva a pressão arterial e os níveis de LDL, o colesterol ruim. Ele diminui, ainda, a quantidade de HDL, o colesterol bom. Como se não bastasse o cortisol, o organismo de um deprimido fabrica mais adrenalina, substância que, em excesso, pode acarretar arritmias cardíacas graves. O tratamento da chamada "doença da alma" ganhou uma arma poderosa no final dos anos 80, com a chegada ao mercado dos remédios da família do Prozac. Eles são, inclusive, mais bem tolerados por quem já sofreu um infarto. Difícil é mesmo o médico fazer – e o paciente aceitar – o diagnóstico de depressão.
 
FONTE: http://veja.abril.com.br/080502/p_065.html

3 comentários:

  1. Olá Paulo

    Acabei de chegar da "não se pode guardar o voo dum pássaro", nossa comum amiga blogueira.

    Este tema que tratas agora é muito importante e a mim toca-me particularmente. De facto, ao longo dos meus 62 3 anos já passei por 3 grandes depressões e custou-me muito a vivê-las e a sair por aí, mais leve e com vontade de viver. Ainda hoje não compreendo a causa de alguns tipos de depressões, como as minhas, por exemplo. Bem tento obter explicações dos médicos mas não tenho tido qualquer sucesso.

    Só com drogas...

    Um abraço amigo

    António

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  2. É um tema seríssimo, os estudos avançam por diversas esferas, mas a compreensão das causas são demoradas muitas vezes, é uma dura e árdua missão enfrentar a depressão.

    Abraços fraternos, Antonio.

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  3. Paulo andei distante deste espaço, que artigo bom sobre a depressao!!!

    "A pessoa é dominada pela apatia e pela irritação"

    Difícil de diagnosticar, dificil da pessoa aceitar que esta com depressao, dificil aceitar o medicamento que ajuda e muito...
    Dificil para mim ter coragem de fazer exercicios e aumentar a seratonina, meu medico recomenda sempre, e eu adio sempre tambem..
    Dificil quando a medicação nao da certo, quando a dose nao funciona, quando o dinheiro pra tratamentos falta!
    Não sabia que o Antonio como eu sofria disso...
    Como eu, as manas, amigas e tanta gente que eu gostaria de ajudar, mas que poucos aceitam que tem!
    Beijos no coração!

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