quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Natal a 25 de dezembro: DE ONDE VEIO ESSA DATA?

 Recomendamos que você leia, antes deste, o artigo QUANDO NASCEU JESUS? Ele oferece informações conclusivas sobre o fato de que Jesus não nasceu a 25 de dezembro. 
 
    Não há estudioso sério ou mesmo leigo interessado no assunto, que ainda defenda a data de 25 de dezembro como aquela em que nasceu Jesus Cristo. O argumento preferido pelos que demonstram indiferença quanto às comemorações natalinas nessa data, é que “é impossível mudar-se agora aquilo que já é tradição há séculos, em boa parte do mundo”. Outros dizem que ”esse dia é tão bom quanto qualquer outro para a comemoração, pois o importante é homenagearmos a Jesus”. Seriam aceitáveis esses argumentos?
    É fato que o dia 25 de dezembro, desde milhares de anos antes do nascimento de Jesus Cristo, já era uma data festiva importante e ativamente festejada. Mas, festejada por quem? O que ela representava? Como e porque foi ela transformada na data comemorativa do nascimento de Jesus?
    As respostas a essas questões, como veremos a seguir, demonstram que não foram simples coincidências históricas que influíram na mudança e que ela encontra restrições absolutas nas Escrituras, especialmente do pretenso homenageado, Jesus Cristo. O importante para nós é descobrir as conseqüências da escolha dessa data para o povo do Senhor e o que existe por trás desse quadro que tem levado milhões de pessoas, há séculos, a adorar, honrar e glorificar (mesmo que não intencionalmente), a um ídolo pagão - e não a Jesus Cristo!
    Todos sabem, especialmente no mundo ocidental, que o Natal se comemora todos os anos, a 25 de dezembro. A época festiva é feriado, na maioria dos paises do Ocidente. As árvores enfeitadas e os presépios são lindos. Calorosos são os banquetes familiares, as visitas de casa em casa e a trocas de cumprimentos. Carinhos e presentes são trocados e os corais cantam melodias próprias da época. Entre nós, a figura rotunda e risonha do Papai Noel, que parece um santo homem, é obrigatória. Tudo isso, tendo como justificativa a comemoração do nascimento do menino Jesus.
    Porém, vamos retroceder no tempo, para bem antes do nascimento de Jesus – vamos voltar para 4.000 anos antes de nossos dias! Estamos na Mesopotâmia, onde vamos encontrar, no calendário vigente, no dia correspondente ao nosso 25 de dezembro, uma festividade exatamente igual à descrita acima – 2.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo! Aliás, as festas “natalinas”, naquela época, começavam a 25 de dezembro e duravam 12 dias. Era a mais importante data do calendário religioso e social de então. Ela representava a renovação do mundo para o novo ano. Nesse festival, chamado Zagmuk, celebrava-se o sucesso do deus Marduck, em sua luta contra as forças do caos, durante o ano que findava.

    Em nossa viagem no tempo, vamos avançar 600 anos. Agora estamos em 1.400 a.C. (antes de Cristo). Foi mais ou menos nessa época, que os partidários do mitraísmo (religião surgida na Babilônia e região), passaram a celebrar o nascimento de seu deus, Mitra. E que data eles escolheram para isso? A da festa já existente e que corresponde, no nosso calendário, a 25 de dezembro!
    Mitra assumiu nomes ligeiramente diferentes, dependendo do país onde era cultuado – entre os nórdicos e saxões, por exemplo, foi Mehr. Trazido para Roma pelos soldados que lutaram na região da Babilônia, que o escolheram como protetor, Mitra chegou a ser um dos principais deuses do panteão romano, a partir do primeiro século antes de Cristo. Importantes nomes do Império, como Pompeu, eram devotos de Mitra.
As primeiras referências a Mitra na literatura sânscrita e persa datam de cerca de 1.400 a.C., como um deus-sol ariano.

A liturgia do culto a Mitra pode ser vista hoje
    Os seguidores de Mitra acreditavam que seu deus nascera no solstício de inverno (época em que o sol, parando de se afastar do equador, começa a se reaproximar), o que ocorre normalmente a 25 de dezembro, no Calendário Juliano. O Imperador Aureliano, adepto do mitraísmo, oficializou, por decreto, esse dia como o do nascimento de Mitra, aproximadamente no ano 270 da Era Cristã.
 
                        
A representação de Mitra matando o touro sagrado era copiada
pelos adeptos, como sendo portadora de poderes de proteção. Muitas vezes ela era circundada pelos doze signos astrológicos do zodíaco.

    O líder dos mitraístas era chamado “papa”. Dirigindo-se às lideranças de Sua igreja em Mateus 23:9, Jesus expressamente proibiu que usasse essa designação, assim como a de “padre” (ambas, significando pai). O sacerdote-chefe mitraísta usava uma mitra, como símbolo de sua autoridade, como o fazem ainda hoje o papa, os bispos, arcebispos e cardeais católicos. Vestia também um manto vermelho e trazia um anel e um cajado de pastor.
    Esse líder exercia sua autoridade das colinas do Vaticano, em Roma. O culto mitraísta celebrava as sacramenta, (com a consagração do pão e do vinho), numa cerimônia denominada Myazda, cujo ritual podemos observar integralmente ainda hoje, pois corresponde exatamente à liturgia da Missa católica. Nesse culto eram cantados hinos e usavam-se sinos, velas, incenso e água benta. O Imperador Constantino, mesmo sendo  fiel seguidor de Mitra, decretou oficialmente, em 313 da nossa era, que o dia 25 de dezembro seria a data do nascimento de Jesus. Não obstante sua crença em Mitra, Constantino precisava, por motivos políticos, unificar e pacificar seu império e o caminho melhor para isso lhe pareceu a criação de uma maior unidade religiosa em seus domínios, aumentando, ao mesmo tempo, sua autoridade também nessa área. Assim, convocou as lideranças dos vários cultos da época e estabeleceu com elas acordos, nos quais concedia “favores” gerais, em detrimento de concessões de cada um. Assim, o autentico e crescente cristianismo do povo, começou a sofrer um forte e acelerado processo de deformação, ao ser misturado a outras crenças. As doutrinas, sem nenhuma base nas Escrituras,  resultantes do processo que se desencadeou a partir de Constantino, redundaram no surgimento de uma igreja deformada, que foi imposta à força, inclusive à custa da vida de muitos cristãos verdadeiros, torturados e queimados nas fogueiras da Inquisição. Constantino foi  batizado em  seu  leito  de  morte, alegam os que o assistiram em seus últimos momentos. Mesmo sendo verdadeira essa afirmação, ainda somos levados a pressupor que sua verdadeira crença, durante todo resto de sua vida, permanecera em Mitra. Após a Reforma, parte dessas deformações e acréscimos foram extirpados, mas muitos ainda subsistem – como a comemoração do nascimento de Jesus a 25 de dezembro!
Dos Césares aos nossos dias
   Na Roma antiga, era também a 25 de dezembro que se davam as festas dedicadas a Saturno, chamadas saturnálias. Dizia a mitologia romana que Saturno havia sido um deus que implantara a Era de Ouro, algo como um paraíso, mas havia sido destronado por seu filho Júpiter. As festividades das saturnálias também englobavam o hábito de presentear. De acordo com Macrobius, as festividades originalmente duravam apenas um dia. Porém, outro cronista, Novius, as descreve como se estendendo por sete dias. Com a mudança do calendário, por César, as festas tiveram sua duração aumentada.
    No hemisfério Norte, o solstício de Inverno acontece entre 22 e 23 de dezembro, época do maior afastamento do sol. Do dia 25 em diante, dizem os adoradores da Natureza, o sol estaria “renascendo”, daí as festividades nessa data, comemoradas até hoje pelos remanescentes druidas, pelos wiccans e outras seitas pagãs adoradoras da Natureza, que existem e crescem rapidamente, inclusive no Brasil.
                             
              Escultura do Imperador Constantino, que introduziu deformações no
                        cristianismo, muitas das quais persistem até hoje.

    Pelas evidências, pode-se dizer que o culto que se oficializou em Roma, a partir do ano 313 da Era Cristã, por decreto de Constantino, era uma versão do mitraísmo então imperante, com enxertos de origem cristã. Por motivos políticos (o povo, em sua maioria e alguns integrantes da nobreza eram cristãos), foi adotada para o novo culto a denominação de cristianismo. Isso não ofendia aos interessses dos mitraístas, de vez que sua religião, diferentemente do cristianismo, era um culto iniciático, isto é, os adeptos iam tendo acesso a ensinamentos e práticas secretos, na medida de seu desenvolvimento dentro da seita. Na verdade, eram 7 os graus de iniciação mitraísta. Assim, não haveria interferência dos cristãos (neófitos, isto é, não iniciados nos mistérios de Mitra) nos cultos desse deus. Isso, pela simples razão de que os cristãos sequer teriam consciência de que não era a Jesus que se adorava naquele local, com aquela liturgia, mas sim a um deus pagão. Posteriormente, esse processo sincrético (processo de fusão de elementos culturais e filosóficos de origens diferentes e muito diversos entre si), no qual várias religiões se misturavam, condicionou modificações que redundaram praticamente em um novo culto. A influência mais marcante aparentemente foi a mitraísta, provavelmente por ser a fé praticada pelas elites e por estar esse poderoso clero já então fortemente instituído e operante nas colinas do Vaticano, em Roma. Não obstante as deformações introduzidas, que chegaram a descaracterizar o cristianismo, durante esse processo e especialmente nos séculos da Idade Média, muitos foram os cristãos que se mantiveram fieis a Jesus e aos Seus ensinamentos, no mais das vezes pagando por isso com a própria vida.
    A religião oficial do Ocidente, com todo seu praticamente incontestado poder foi, até a Reforma, a igreja Católica Apostólica Romana, o fruto direto do decreto de Constantino e da mistura que ele oficializou.
    Essa tendência sincrética, de agregar elementos de outras fontes, como forma de manter a igreja popular e mais facilmente aceita pelo mundo, pode ser hoje observada com clareza nas denominações, incluindo-se muitas evangélicas, que criam contrafações ou sucedâneos teológicos e litúrgicos, dos quais surgem festividades, comemorações e até ”santos” de origens espúrias - vejam-se as “festas juninas”, “lavagem de igrejas”, “o dia de Cosme e Damião”, o Halloween e, claro, a festa de 25 de dezembro de que tratamos especificamente.

Dando razão aos pagãos

    Existe hoje uma infinidade de cultos e seitas pagãs, inclusive no Brasil. São adoradores da natureza e de suas forças e manifestações. Nos países do hemisfério norte, onde a maioria delas é difundida há milhares de anos, elas são mais presentes e organizadas. Os druidas, com seus monólitos de Stonehenge, estão vivos, espalhados em várias seitas ligeiramente diferentes umas das outras. Os wiccans, outro culto pagão, também tem presença significativa entre os cultores da natureza. Poucos percebem que o paganismo tem organizações e entidades estruturadas e que defendem seus pontos de vista religiosos (essas organizações são seitas, ou religiões, com todas suas características), muitas vezes atacando entidades e grupos de crenças diferentes das suas, incluindo-se aqui o cristianismo. Embora o caráter exclusivista não seja uma das características principais desses cultos, eles agem normalmente com coerência, ao reivindicar como suas as criações mitológicas, os ritos e crenças que, realmente foram criados por eles. Assim, temos que dar razão aos pagãos, quando eles reivindicam as festividades  de  25  de  dezembro como criadas por eles e fazendo parte de seu culto. Além desse acontecimento, o Natal, de que nos ocupamos aqui, muitas outras coisas existem hoje nos cultos chamados cristãos, que não são bíblicos e que histórica e indiscutivelmente são pagãos. A eles, devolvamos sua herança!

Bem vivos, ainda hoje!

    Quando se fala em festividades como as saturnálias, em deuses como Saturno, Juno e Sol, em soltícios e outros personagens e eventos idênticos, somos levados a pensar num passado remoto, a encarar isso tudo como motivos fazendo parte de uma história já vivida. Imaginamos que, na era dos computadores, das viagens espaciais e da bioengenharia, esses cultos já não teriam seguidores. Puro engano! Uma maneira fácil de comprovar isso é acessar, na Internet, os milhares de sites dedicados aos assuntos relacionados ao paganismo. Traduzimos e reproduzimos abaixo trechos recolhidos de um site, em inglês, o circlesantuary.org. A escolha desse site não foi proposital – chegamos a ele ao acaso, ao pesquisar o assunto.
    A “sacerdotisa” do site parece ser uma figura importante na Circle Santuary Community (Comunidade do Santuário do Círculo) e se chama Selena Fox. É ela a autora do poema que traduzimos o mais literalmente possível e reproduzimos, a seguir:
   Saturnalia
   Meados de dezembro
   As noites são longas, o tempo é frio, o inverno vem
   Celebrações acontecem
   Renovando votos de amizade
   Visitas à família e amigos
   Trocas de presentes com os amados
   Velas, bonecas, biscoitos, doces, sagrados, ramos verdes
   Tribunais fecham. Batalhas cessam
   Folgas nas escolas e no trabalho
   Feriado
   Cantar, dançar, jogar, alegrar-se
   Comida... muita comida e bebida
   Grandes ceias e festas
   Para celebrar o Sol, a Terra, os Ancestrais, o grande Círculo da Natureza
   Para recepcionar o Inverno e o Ano Novo
   Para trazer a renovação, a paz e a alegria
   Solstício presente... solstício passado
   Esta é o legado da Saturnália,
   a semana do Festival do Pagão Solstício de Inverno da Roma antiga
   Sataurnália, seu espírito e tradições vivem
   no mundo hoje
   nas ceias de Natal e e nas festa de Ano Novo
   na nossa celebração do Solstício de Inverno esta noite.
   Abençoada nossa união com os ancestrais.
   Abençoada nossa união uns com os outros.
   Abençoada nossa união com as futuras gerações.
   Nós nos rejubilamos.
   Viva, Saturnália!
   Viva, Saturnália!
   Viva, Saturnália!
   (Por Selena Fox, Solstício de 1994, Madison, Wisconsin)
    Atente para o antepenúltimo verso, que diz “Saturnália, seus espírito e tradições...” e veja que os neo-pagãos externam com alegria a consciência de que a data de 25 de dezembro, embora sendo de origem pagã, vive (persiste, tem continuidade) nas festividades do Natal cristão.
    A César, o que é de César – ao mundo, o que é dele! Eis o motivo: 
DEUTERONÔMIO [12]
  
    28 Guarda e cumpre todas estas palavras que eu te ordeno, para que bem te suceda a ti e a teus filhos, depois de ti, para sempre, quando fizeres o que é bom e reto aos olhos do Senhor, teu Deus.
    29 Quando o Senhor, teu Deus, eliminar de diante de ti as nações, para as quais vais para possuí-las, e as desapossares e habitares na sua terra,
    30 guarda-te não te enlaces com imitá-las, após terem sido destruídas diante de ti; e que não indagues acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviam estas nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu.
    31 Não farás assim ao Senhor, teu Deus, porque tudo o que é abominável ao Senhor e que ele odeia fizeram eles a seus deuses, pois até seus filhos e suas filhas queimaram aos seus deuses.
    32 Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás.
Amém!

(*) Otto Amaral – Otto Amaral, residindo presentemente em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, tem dedicado os anos mais recentes ao estudo e à divulgação dos assuntos relacionados às igrejas domiciliares, em especial os relativos à restauração das práticas neo-testamentárias na igreja. Otto residiu nos Estados Unidos, onde estudou no Jubilee Fellowship Training Center, de Pensacola, Flórida e é ordenado pelo The Light Christian Ministry, de Marion, Iowa e pelo Universal Ministries, de Milford, Illinois. Otto é o organizador e o responsável por este site. Comunique-se com ele através da opção CONTATO, na página inicial.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quando Nasceu Jesus?

Quando Nasceu Jesus? 


A melhor estimativa é 29 de setembro de 5 a.C.
Como? Não é a 25 de dezembro do ano zero?
Veja abaixo  por que não.
                                                                                  


    Recomendamos que você leia, depois deste, o artigo NATAL A 25 de DEZEMBRO: DE ONDE VEIO ESSA DATA? Ele oferece evidências sobre a forma através da qual essa mudança ocorreu e as suas razões.  
    Estudiosos da Bíblia prontamente nos respondem à pergunta acima dizendo que, muito provavelmente NÃO foi 25 de dezembro do ano zero. Por quê? Vejamos.
Quando os pastores estão nos campos?
    Meteorologistas israelenses pesquisaram, por muitos anos, os padrões do tempo em dezembro e concluíram que o clima em Israel foi constante nos últimos 2.000 anos. O livro The Interpreter’s Dictionay of the Bible (Dicionário de Interpretação Bíblica) declara que “de um modo geral, os fenômenos climáticos, assim como as condições atmosféricas como mostrados na Bíblia correspondem à realidade observada hoje” (RBY Scott, vol. 3, Abingdon Press, Nashville, 1962, pág. 625).
    A temperatura média na área de Belém em dezembro é de 7 graus Centígrados, mas pode cair até abaixo do ponto de congelamento da água, especialmente à noite. Descrevendo a temperatura ali, Sara Ruhin, chefe do Serviço Meteorológico de Israel, declarou, em um a notícia veiculada em 1990 pela imprensa, que aquela área apresentara três meses de geadas: dezembro (com 1,6 C negativo), janeiro (1,1 C negativo) e fevereiro (0 C).
    Neve é comum por dois ou três dias em Jerusalém e nas proximidades de Belém em dezembro e janeiro. Esses eram os meses de inverno, de elevados índices de precipitação (muitas chuvas) quando as estradas, nos tempos bíblicos, ficavam praticamente inutilizáveis e as pessoas permaneciam dentro de casa, sempre que possível.
    Essa constatação é uma evidência importante a reprovar dezembro como o mês de nascimento de Jesus Cristo. Perceba que, na época do nascimento de Jesus, os pastores mantinham seus rebanhos nos campos à noite. “Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite” (Lucas 2:8). Era prática comum entre os pastores deixar os rebanhos nos pastos de abril até outubro, mas nos meses frios e chuvosos, os rebanhos eram trazidos de volta para os estábulos e ali abrigados.
    Um comentário admite que, “como os pastores não haviam ainda levados seus rebanhos para os estábulos, é de se presumir que outubro ainda não havia começado e que, conseqüentemente, nosso Senhor não nasceu em 25 de dezembro, quando já não existem rebanhos nos campos! Não pode ele haver nascido depois de setembro, quando os rebanhos já não se encontravam mais nos campos à noite.  Efetivamente, a hipótese do nascimento de Jesus em dezembro precisa considerar esses fatos. A alimentação dos rebanhos à noite nos campos é um fato cronológico, que projeta considerável luz sobre esse ponto controverso” (Commentary, de Adam Clark, Abingdon Press, Nashville, nota sobre Lucas 2:8).
Eis a prova:

    Este quadro é reprodução fiel do site br.weather.com, acessado na manhã (7 horas) do dia 25 de dezembro de 2003, com as condições do tempo em Jerusalém naquele momento. Veja que a temperatura era de 3 graus positivos, mas a sensação era de 2 graus negativos! No quadro seguinte, as previsões sobre as precipitações para aquela semana. Como em todos os anos, nos últimos dias de dezembro de 2003  havia na Cidade Santa muito frio e muita chuva!

    Outro estudo concorda: “Esse modesto povo de pastores ficava fora, nos campos, à noite, com seus rebanhos – um acontecimento que é contrário ao nascimento de Cristo em 25 de dezembro, quando o clima não o teria permitido” (The Interpreter’s One-Volume Commentary, Abingdon Press, Nashville, 1971, nota sobre Lucas 2:4-7).
    O livro Companion Bible, em seu Appendix 179 diz: “Pastores e seus rebanhos não eram mais encontrados nos campos abertos à noite em dezembro (Tebeth),  pela principal razão de que não havia mais pastagens nesse mês! Era o costume de então (como de agora), retirar os rebanhos durante o mês Marchesven (outubro-novembro) dos lugares abertos e abrigá-los para a passagem do inverno”.

O Censo descrito por Lucas 

    Outra evidência contra o nascimento de Cristo em dezembro é o censo romano registrado por Lucas: ”Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado. Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirínio era governador da Síria. E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz, e teve a seu filho primogênito...” (Lucas 2:1-7).
    Os dirigentes romanos e judeus sabiam que a realização de um recenseamento no inverno seria, senão impraticável, pelo menos muito impopular. Geralmente, esses censos eram feitos após as colheitas, em setembro ou outubro, quando não havia danos sérios à economia, o tempo era bom e as estradas estavam ainda secas, permitindo viagens mais fáceis.  De acordo com as datas normais dos censos, essa foi provavelmente a época do nascimento de Cristo.
    Um autor declara que esse recenseamento “dificilmente seria convocado pelas autoridades nessa época (dezembro), pois essa tarefa demandaria que as pessoas viajassem de todas as partes para seus distritos de nascimento, com tempestade e chuvas tornando os deslocamentos inseguros e desconfortáveis no inverno, à exceção de anos especialmente favoráveis” (Christmas at Bethlehem, Holy-Days and Holidays, Cunningham Geikie).
    A descrição que Lucas faz do censo soa fortemente contrária a dezembro como a data do nascimento de Cristo. Por ser a sociedade judaica essencialmente agrária, um censo no outono, depois das colheitas, seria muito mais apropriado.

O ano em que Cristo nasceu

    Jesus também não nasceu no ano 0 (zero). Em 525 o papa João I encomendou ao erudito Dionisius Exiguus o estabelecimento de um calendário de festas para a igreja.  Dionísio estimou o ano de nascimento de Cristo baseado na data de fundação de Roma. Infelizmente, por falta de suficientes dados históricos, ele chegou a um resultado que, hoje sabemos, era incorreto.
    Os Evangelhos registram o nascimento de Jesus como tendo ocorrido durante o reinado de Herodes, o Grande. A morte desse monarca está registrada pelo historiador judeu Flavius Josefus (Antiquities of the Jews, Josephus, Book 17. Chpt. 8) e ocorreu na primavera do ano 4 a.C. (Antes de Cristo!) (New Testamente History, F.F. Bruce, Anchor Books, p. 23). Assim,o nascimento de Cristo ocorreu a, pelo menos, quatro anos antes da data tradicionalmente comemorada!
    Jesus não nasceu em 25 de dezembro do ano 0 (zero). Na realidade, não existiu ano zero, pois nossos calendários saltam de 1 a.C. (antes de Cristo) para 1 E.C (Era Cristã), sem o intermediário ano zero.

A celebração do nascimento de Cristo na igreja primitiva

    Nos primeiros 200 anos de história cristã nenhuma menção é feita à data do nascimento de Jesus. Embora Constantino tenha decretado, no ano 270 da nossa era, que o nascimento de Jesus seria comemorado a 25 de dezembro, não foi senão em 336 que ocorreu o primeiro registro de uma celebração da data.
    Por que essa omissão? No caso dos pais da igreja, a razão foi que, durante os primeiros três séculos depois da vida de Jesus Cristo nesta terra, o evento considerado o mais importante a ser comemorado foi a data de sua morte. Em comparação, a data de seu nascimento foi considerada insignificante. Como estabelece a Encyclopedia Americana, “O Natal, de acordo com muitas autoridades,  não foi comemorado nos primeiros séculos da igreja cristã, pois o costume dos cristãos era celebrar a morte e não o nascimento de pessoas importantes...” (“Christmas”, edição 1944).
    As especulações sobre a data correta começaram nos terceiro ou quarto séculos, suscitando controvérsias entre os líderes da igreja. Muitos deles foram contrários à celebração. Orígenes (185 – 254) recomendava enfaticamente contra essa inovação. “Nas Escrituras, não existe sequer um registro de qualquer banquete ou festividade por um aniversário. São apenas os pecadores que fazem grandes festas no dia em que nasceram” (Catholic Encyclopedia, edição 1908, vol. 3, pág. 724, “Natal day” ). 
    Nesse período, oito diferentes datas foram propostas, por diferentes grupos, abrangendo seis meses. O dia 25 de dezembro foi uma das últimas datas a serem propostas, mas foi a finalmente aceita pelas lideranças da igreja do Ocidente.
    Um sumário dos debates sobre as datas de nascimento de Cristo aparece no The Oxford Dictionary of the Christian Church: “Não obstante as especulações sobre a data de nascimento de Cristo remontarem ao terceiro século e Clemente de Alexandria haver sugerido o 20 de maio, a celebração não parece ter se generalizado até finais do quarto século. A mais antiga menção da observância do 25 de dezembro no Calendário Philocaliano é do ano de 336. Essa data foi provavelmente escolhida para se opor à festa do Nascimento do Sol Invicto (nascimento do inconquistável sol), e sua observância foi difundida no Ocidente por Roma” (Oxford University Press, edição 1983, New York, 1983, pág. 280 “Christmas”).
    Por volta do ano 200, quando Clemente de Alexandria menciona as especulações sobre o nascimento de Cristo, ele nada fala sobre a celebração naquela época. Ele casualmente relata as várias idéias existentes naquela época: “Havia aqueles que, não só tinham determinado o ano do nascimento do Senhor, mas também o dia..., o 25 de Pachon... outros, por sua vez, diziam que era 24 ou 25 de Pharmuthi” (The Stromata, ou “Miscellanies”, The Ante-Nicene Fathers, vol. 2, Eerdmans, Grand Rapids, 1986, pág. 333).
    Logo depois, em 243, o calendário oficial de festividades, o De Pascha Computus, coloca a data do nascimento de Cristo como 28 de março. Outras datas sugeridas foram 2 de abril e 18 de novembro. Entretanto, no Oriente, a data de 6 de janeiro foi escolhida, por ser aquela em que os gregos celebravam o nascimento do deus Dionísio o os egípcios o do deus Osíris. Enquanto que os pagãos comumente celebravam o natalício de seus deuses, na Bíblia nenhum aniversário jamais foi comemorado como o de Deus (quem, é claro, não teve nascimento ou data de origem).

A popularização de 25 de dezembro

    Em Roma, o 25 de dezembro foi popularizado em 354 pelo papa Liberius e tornou-se regra no Ocidente em 435, quando a primeira  “missa cristã” foi oficiada pelo papa Sixtus III. Ela coincidiu com a data de celebração pelos romanos ao seu principal deus, o Sol, e a Mitras, popular deus-sol persa supostamente nascido no mesmo dia. O escritor católico romano Mario Righetti candidamente admite que, “para facilitar a aceitação da fé pelas massas pagãs, a Igreja de Roma achou conveniente instituir o 25 de dezembro como a festa do nascimento de Cristo para desvinculá-la da festa pagã, celebrada no mesmo dia em honra ao Invencível Sol Mitras, o conquistador das trevas” (Manual of Liturgical History, 1955. vol. 2, pág. 67).
    O historiador protestante Henry Chadwick entra na controvérsia: “Além disso, no começo do quarto século, começou no Ocidente (onde e através de quem não se sabe) a celebração de 25 de dezembro, data de nascimento do deus-Sol no solstício de inverno, como a do nascimento de Jesus Cristo. Quão fácil foi para o cristianismo e para as religiões solares ficarem embaralhadas ao nível popular, é muito bem ilustrado por um sermão feito na metade do século pelo papa Leão o Grande, repreendendo ao seu incauto rebanho por reverenciarem ao Sol nos degraus de São Pedro, antes de entrarem para  aos serviços religiosos dentro da basílica voltada na direção oeste” (“Christmas” edição 1944).
    Existe alguma evidencia bíblica que nos auxilie a fixar o dia, mês e ano do nascimento de Cristo?
    Realmente, da Bíblia podemos pelo menos determinar a provável estação e o ano de Seu nascimento. A prova mais convincente de quando Jesus nasceu começa com o entendimento da evidência que nos é apresentada no livro de Lucas, concernente ao nascimento de João Batista. Lucas 1:5-17 diz:
    5 Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
    6 Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
    7 Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
    8 Ora, estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua turma,
    9 segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
    10 e toda a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
    11 Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
    12 E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
    13 Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
    14 e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
    15 porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
    16 converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
    17 irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
    Zacarias era da turma de Abias (Lucas 1:5-8). Voltando aos dias do rei Davi, os sacerdotes eram separados em turnos de 24 horas, ou turmas. Essas turmas começavam no primeiro mês do calendário judeu (I Crônicas 27:2), março ou abril do nosso calendário. De acordo com fontes do Talmude e de Qumram, as turmas se revezavam semanalmente, até atingir o fim de seis meses, quando o ciclo se repetia até o fim do ano.  Isso que dizer que a turma de Zacarias servia no templo duas vezes ao ano.
    Vemos em I Crônicas 24:10 que Abias era da oitava turma. Então, o serviço de Zacarias deveria ser na décima semana do ano judeu, pois todas as turmas serviam durante as festas do começo do ano judeu. Além disso, todas as turmas serviam também durante a Páscoa e durante os Dias dos Pães Asmos (na terceira semana do ano). Da mesma forma, todas as turmas de sacerdotes deveriam servir durante a Festa das Semanas ou Pentecostes (a nona semana), Então, o oitavo turno sacerdotal deveria recair na décima semana do ano.
    Aqui, precisamos fazer uma pressuposição. Lembre-se de que dissemos que a turma de Zacarias servia no templo duas vezes ao ano. A Bíblia não especifica qual dos dois turnos de serviço era aquele. Apesar disso, nove meses depois de uma das duas datas, João Batista nasceu! Isso colocaria esse nascimento em março ou em setembro.
    Se aceitarmos que Lucas estava se referindo a primeiro turno de Zacarias naquele ano, vamos assumir que isso tenderá a se comprovar quando descobrirmos as datas de nascimento de João Batista e de Jesus. Conseqüentemente, a data do serviço de Zacarias seriam os dias 12 a 18 do mês Sivan. (Veja-se a Companyon Bible, Apêndice 179, Seção III).
Acompanhando a história em Lucas 1:23-25:
    23 E, terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
    24 Depois desses dias Isabel, sua mulher concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
    25 Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.
    Depois do serviço no templo, Zacarias voltou para sua mulher, em casa. Devido às leis da purificação (Levítico 12:5, 15:19, 25), duas semanas adicionais deveriam ser contadas. Não sei quanto a você, mas se um anjo me dissesse que eu estaria para ter uma criança especial, eu trataria de tê-la tão logo a lei o permitisse. Precisamos assumir também que Isabel concebeu a criança duas semanas após o retorno de Zacarias.
    Isso feito e adicionando o tempo de uma gestação normal, teremos o nascimento de João Batista no dia da Páscoa (dia 15 de Nisan)! Os judeus sempre esperaram pela volta de Elias num dia e Páscoa. Por isso, sempre que a Páscoa é comemorada, existe uma cadeira vazia e um lugar posto à mesa, esperando pelo retorno do profeta. As crianças costumam ir à porta da casa e abri-la, numa antecipação da volta de Elias. Profetas do Velho Testamento disseram que Deus enviaria Elias antes da vinda do Messias (Malaquias 3:1 4:5-6). De acordo com esses cálculos, João Batista nasceu na Páscoa. Lembra-se das palavras do anjo a Zacarias? Ele disse que João Batista viria “no espírito e no poder de Elias” (Lucas 1:17). Elias veio na Páscoa
Vejamos Lucas 1:26-36:
    26 Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
    27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
    28 E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
    29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.
    30 Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
    31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
    32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
    33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
    34 Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
    35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.
    36 Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
    Lucas nos diz que Isabel estava grávida há seis meses, quando o anjo Gabriel visitou Maria. O início dos seis meses de Isabel seria durante as celebrações de Chanucá, que ocorre em dezembro, no nosso calendário. Chanucá é conhecida como a “Festa da Consagração” (João 10:22), por comemorar a consagração do segundo templo judeu e a re-dedicação do templo após a revolta dos Macabeus. Maria foi consagrada a um propósito de enorme magnitude: a presença de Deus num templo terreno, isso é, um corpo humano (João 2:18-21).
A data mais provável do nascimento de Jesus Cristo
    Se Maria concebeu no Chanucá, João Batista deve ter nascido três depois da Páscoa. Ainda presumindo uma gestação normal, de 285 dias, Jesus deve ter nascido no dia 15 do mês judeu de Tisri ( 29 de setembro, pelo calendário atual). Isso é significativo, pois é este o primeiro dia da Festa dos Tabernáculos (Sucote). Este é um dia importante, um sábado especial e uma data de grande alegria e regozijo.
A Festa dos Tabernáculos e Jesus
    Como se viu, o nascimento de nosso Senhor pode ser razoavelmente demonstrado como tendo ocorrido no outono, no primeiro dia da Festa dos Tabernáculos. Esta é uma festa muito alegre. Os judeus crentes construíam um tabernáculo ou cabana conhecida por “sucá”, toda de galhos de árvores verdes. Por oito dias, era nelas que eles dormiam e era onde faziam todas suas refeições.
   Existem muitas conexões interessantes, nas Escrituras, entre Jesus e a Festa dos Tabernáculos:
   João 1:14 diz: “E o Verbo se fez carne e tabernaculou (habitou) entre nós” (Tradução literal do grego).
   Veja o que diz Samuele Bacchiocchi, a respeito desse verso:
    Para introduzir a natureza e a missão de Cristo, João em seu Evangelho,         emprega a metáfora da “cabana” da Festa dos Tabernáculos. Ele explica que Cristo, o Verbo que estava com Deus no início (João 1:1), manifestou a si mesmo neste mundo de maneira tangível, pela montagem de sua tenda (ou cabana) no nosso meio: “E o Verbo se fez carne e tabenaculou entre nós, cheio de graça e de verdade e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.
   O verbo grego squenoo usado por João quer dizer “montar uma tenda, acampar, morar numa tenda”. A alusão é clara à Festa dos Tabernáculos, quando o povo morava em cabanas temporárias. No artigo “The Feast of Tents: Jesus Self-Revelation“ (“A Festa das Cabanas: a auto-revelação de Jesus”), publicada em Worship (1960), David Stanley escreve: “essa passagem estabelece a base para a próxima auto-revelação de Jesus na Festa dos Tabernáculos em João 7 e 8 “. Stanley diz ainda que “o indício básico do mistério que impregna inteiramente essa narrativa (João 7 e 8) é provido pela ação simbólica que dá nome a essa festividade: a ereção cerimonial de pequenas cabanas, feitas de ramos de árvores, nas quais cada judeu deve passar os dias das comemorações. Esses abrigos eram comemorativos dos quarenta anos errantes pelo deserto, quando Israel viveu como nômade sua íntima relação com Deus. Para João, esse viver em cabanas é o principal símbolo da encarnação: ‘E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...’” (João 1:14). Esta é idéia central que preside toda a narrativa de João da qual tratamos (João 7 e 8). Tudo o que aconteceu e tudo o que Jesus disse naquela ocasião tem alguma relação com a encarnação.
    Visando descrever para o povo a primeira vinda do Messias, João escolheu a simbologia da Festa dos Tabernáculos, visto que a festa celebrava a morada de Deus no meio de seu povo. Isso levanta uma questão interessante: se  João desejou ou não estabelecer ligação entre o nascimento de Jesus e a Festa dos Tabernáculos. (De God’s Festivals in Scripture na History Part II: The Fall Festivals, pág. 241)
   De acordo com the Companion Bible, Appendix 179:
    A palavra tabernáculo recebe aqui um belo significado, ensinando que o Senhor da Glória foi “feito homem”, tendo tabernaculado (habitado) num corpo humano. Ela mostra também igual beleza, ao significar que nosso Senhor nasceu no primeiro dia da festa judaica dos Tabernáculos, dia 15 de mês Tisri, correspondente a 29 de setembro (do nosso moderno calendário).
    A circuncisão de nosso Senhor foi realizada no oitavo dia, o último dia da festa, o “Grande Dia da Festa” de João 7:37 (A Festa dos Tabernáculos tinha oito dias, a dos Pães Asmos sete e a do Pentecostes, um dia. Veja Levítico 23).
    No livro The Seven Festivals of the Messiah (“As sete festividades do Messias”), de Eddie Chumney, lemos:
    Como estabelecemos antes neste capítulo, A Festa de Sucot (Tabernáculos) é chamada de “estação de nossa alegria” e de “festa das nações”. Com isso em mente, leiamos Lucas 2:10: “O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago boas novas (basar, em hebreu, também significando evangelho)... de grande alegria...” ( sucot é chamada de ‘estação da nossa alegria’) “... que o será para todo o povo.” (sucot é também chamada de ‘festa das nações’)”. Assim, podemos ver que a terminologia usada pelo anjo para anunciar o nascimento de Jesus foi composta de temas e imagens associadas à Festa dos Tabernáculos.
    Como vimos, a Festa dos Tabernáculos é chamada de “Estação da nossa Alegria”, “Festa das Nações” e “Festa das Lanternas”.
   João 1:6-9 diz:
    6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
    7 Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.
    8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
    9 Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.
    Nesses versos, João se refere a Jesus como “a luz” e, como vimos também, o verso 14 diz que “... se fez homem e tabernaculou (significado literal da palavra grega para habitou) entre nós”.
   Existem duas aparentes referências à Festa dos Tabernáculos associadas com a vinda do Messias:

Os magos (ou sábios) do oriente
    As Escrituras nos mostram que existiram magos (homens sábios, estudiosos), que vieram do leste procurando pelo nascimento do Messias, dizendo: “nós vimos sua estrela no Oriente”. Quem eram esses eruditos do Oriente? Por que estariam eles procurando por um Messias judeu?
   Mateus 2:1-6 afirma:
    1 Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam:
    2 Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
    3 O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;
    4 e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
    5 Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta:
    6 “E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel” (Citando Miquéias 5:2).
    Babilônia era conhecida como “a terra do Oriente”. Nos dias do nascimento de Jesus, a maior população judaica estava realmente ali e não na Palestina. Há aproximadamente cinqüenta anos antes, toda a nação de Judá fora levada cativa para a Babilônia por Nabucodonosor. Apenas uma pequena colônia de judeus retornara à Palestina depois de sessenta e três anos de cativeiro. A maioria deles permaneceu onde havia estabelecido residência nas terras da Babilônia.
    A palavra grega para mago, sábio, homem ilustrado, é magoi. Daniel recebeu o mesmo título (Daniel 4:9).  A palavra é equivalente ao termo judeu rabi (mestre).

    É muito provável que os três sábios do Oriente fossem rabinos judeus que haviam previsto a chegada do Messias, pela profecia das setenta semanas, de Daniel (Daniel 9:24). Eles haviam descoberto uma nova estrela no céu e a tomado como sinal da vinda do Messias.
    Finalmente, mesmo que os sábios não fossem Judeus, eles deveriam ter tido influência dos escritos de Daniel.  Não nos esqueçamos que, no passado, Daniel estivera chefiando todos os sábios da Babilônia (Daniel 2:48, 4:9 e 5:11).
A estrela e a Festa dos Tabernáculos
    Há uma época do ano na qual os judeus tipicamente olham para as estrelas: durante o período da Festa dos Tabernáculos. Como já dissemos, durante os oito dias dos festejos o povo comia e dormia nas cabanas de ramos. Era costume deixarem um buraco na cobertura, para apreciarem as estrelas. Os sábios, celebrando as festividades, poderiam ter percebido o surgimento de uma nova estrela.
O ano em que Jesus nasceu 
    Quando Jesus nasceu, Herodes ainda estava vivo (Mateus 2:1). Os magos apareceram em Jerusalém perguntando sobre o nascimento do “rei dos judeus”. Certamente isso aborreceu Herodes, que recebera esse título do Senado romano. Herodes inquiriu aos sábios e soube deles o dia exato em que a estrela aparecera (Mateus 2:7). Os magos então viajaram para Belém e encontraram Jesus, Maria e José numa casa (Mateus 2:11) e, curvando-se, adoraram a Jesus.
    Quando os sábios não retornaram para informar a Herodes sobre o paradeiro do recém-nascido, o rei “... vendo que fora iludido pelos magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos” (Mateus 2:16).
    Herodes morreu na primavera do ano 4 a.C. Assumamos que a estrela apareceu no nascimento de Jesus. Assumamos também que Herodes estava prestes a morrer, quando os magos apareceram. Era costume antigamente em Israel contar a idade de alguém a partir de sua concepção. Conseqüentemente, Herodes matou realmente os meninos de um ano de idade para baixo, de acordo com a maneira atual de calcular. Isso pode indicar que Jesus deveria haver nascido em 6 a.C. (se Jesus estava com um ano de idade) ou 5 a.C., se Jesus tinha menos de um ano e Herodes estava apenas sendo cauteloso.
    Esta data para o nascimento de Jesus combina com outra data bíblica, a de que Jesus teria “cerca de trinta anos” quando começou seu ministério (Lucas 3:23). Em João 2:20 obtemos a evidência sobre a construção do templo. Por isso, sabemos que o ministério de Jesus começou em 26 a.D. (Anno Domini, Ano do Senhor, nossa era). Contando regressivamente até 6 a.C. (Antes de Cristo)  - temos que subtrair um ano, por não haver existido o ano zero – chegaremos a 31 anos como a idade com a qual Jesus começou seu ministério. E isso pode representar cerca de 30 anos.  Fazendo a mesma contagem, agora de 5 a.C.até 26 a.D., teremos que Jesus tinha 30 anos quando iniciou seu ministério. Os anos de nascimento 5 ou 6 a.C. são os que mais se adaptam à data da crucificação, isto é, 30 a.D. Pessoalmente, opto por 5 a.C., porque admito que os magos quisessem chegar no tempo certo e a jornada entre a Babilônia e Jerusalém era de apenas quatro meses.
    Quando Jesus nasceu? Ninguém está absolutamente certo, pois estamos trabalhando com pressuposições e suas implicações, mas a melhor estimativa é 29 de setembro de 5 a.C. - como você viu.
O propósito deste artigo
    Nosso propósito, com este artigo, NÃO é o de sugerir a mudança do dia do Natal, ou o ano de nossos calendários! Sua finalidade é contribuir para que você, conhecendo a verdade sobre o evento, não se deixe enganar. Se realmente importasse a Jesus a comemoração de Seu natalício, Ele certamente teria deixado isso claro, assim como a data correta para que o fizéssemos. O essencial é que Deus se fez carne no tempo e no espaço (I João 4:2). Ele nasceu de uma mulher num dia específico, num ano específico, andou entre nós, morreu por nossos pecados, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus! Aleluia!

 Otto Amaral (*)   
                                       
(*) Otto Amaral – Otto Amaral, residindo presentemente em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, tem dedicado os anos mais recentes ao estudo e à divulgação dos assuntos relacionados às igrejas domiciliares, em especial os relativos à restauração das práticas neo-testamentárias na igreja. Otto residiu nos Estados Unidos, onde estudou no Jubilee Fellowship Training Center, de Pensacola, Flórida e é ordenado pelo The Light Christian Ministry, de Marion, Iowa e pelo Universal Ministries, de Milford, Illinois. Otto é o organizador e o responsável por este site. Comunique-se com ele através da opção CONTATO, na página inicial.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Maradona

El mitico gol de Maradona marcado 
con Argentina a inglaterra. 
Narrado por Victor Hugo Morales. 
Para llorar de emocion.


domingo, 3 de janeiro de 2010

VERDADE SOBRE OS RODEIOS